Sunday, December 7, 2014

Sacred profane | Sagrado profano

For this exhibition, Luis Filipe Gomes and I worked together on the concepts of sacred / profane in Ex vote and Reliquary format. This is the text we wrote:                                   


Sacred profane
Sacred, from the Latin "sacratu" refers to something that deserves reverence or respect for religious association with a deity or with objects regarded as divine.
In particular, the manifestation of the sacred, can be materialized as a mountain, be recognized in a clean water source, a colossal stone, an ancient tree or an unusual object, natural or manufactured, generally perceived by a prophetic interpreter that reveals the thing or object and detaches it of the material sphere, transposing it to a sacred one.
In the sacralised archaic world, the understanding of the material and spiritual phenomena tended to create a dichotomy between the sacred and the profane.
According to the changes in the ruling power’s way of thinking, the profane could become sacred and the sacred could be unsacred. The archaic polytheistic sacredness, expressed in many gods and the diversification and expansion of secular and scientific knowledge, curiously, were parallel but in reverse direction, the more areas of knowledge, the less specific gods, culminating a single god and finally even in the abolition of God. Decreed his death and confirmed his obsolescence, materialism, took his place.
The world today is desecrated and religiosity exists more out of habit or for power convenience than for spiritual need. That misconception and that lack of need only fall apart in extreme situations of suffering or imminent death.
It is then that each one is reunited with the God of his needs and finds what some call mystery, others faith and others don't even name.

This exhibition reflects on the lack of sacredness and questions which values to preserve for the future, be they religious, ethical or simply of an intimate nature.
While interpreters of the value of the ephemeral, observers of the time we live in, we feel the need to reveal objects, memories, emotions, with the respect dedicated to that which is sacred.
 



Para esta exposição, o Luis Filipe Gomes e eu, trabalhámos em conjunto sobre os conceitos de sagrado / profano em formato Ex voto e  Relicário. Este é o texto que escrevemos:


Sagrado profano

Sagrado, do latim “sacratu”, refere-se a algo que merece veneração ou respeito religioso por ter uma associação com uma divindade ou com objetos considerados divinos.

Concretamente, a manifestação do sagrado, pode ser materializada numa montanha, ser reconhecida numa nascente de água limpa, numa pedra colossal, numa árvore centenária ou num objecto invulgar, natural ou manufacturado, geralmente percebida por um intérprete profético que revela a coisa ou objecto e o destaca do espaço material, transpondo-a para o espaço sagrado.

No mundo arcaico, sacralizado, o entendimento dos fenómenos materiais e espirituais tendia a criar uma dicotomia entre o sagrado e o profano.

Consoante a alteração da maneira de pensar do poder dominante, o profano podia tornar-se sagrado e o sagrado podia ser desconsagrado. A sacralidade arcaica politeísta, expressada em muitos deuses e a diversificação e a expansão do conhecimento secular e científico, curiosamente, foram paralelos mas em sentido inverso. Quanto mais áreas de conhecimento, menos deuses específicos, culminado no deus único e por fim, até na abolição de Deus. Decretada a sua morte e confirmada a sua obsolescência, o materialismo, tomou o seu lugar.

O mundo actual está dessacralizado e a religiosidade quando existe mantém-se mais por hábito ou por conveniência de poder do que por necessidade espiritual. Esse equívoco e essa ausência de necessidade só se desfazem em situações limite de sofrimento ou de morte eminente.

É então que cada um se reencontra com o deus da sua necessidade e descobre o que uns chamam mistério, outros, fé e outros não nomeiam.


A exposição presente é uma reflexão sobre essa ausência de sacralidade e questiona que valores preservar para o tempo futuro, sejam eles religiosos, éticos ou simplesmente do foro íntimo.

Enquanto intérpretes  do valor do que é efémero, observadores do momento em que vivemos, sentimos a necessidade de revelar, objectos, memórias, emoções, com o respeito que se dedica ao que é sagrado.







1 comment:

Anonymous said...

Beatriz e Filipe Gomes, obrigada. Apreciei muito a leitura deste texto, gosto de pensamentos que me extraem do meu pensar habitual.
Quantas conversas, livros, escritos e desenhos... e muito entendimento para me darem esta leitura tão clara que me leva a lugares tão complexos.

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